Mediação Comunitária: quais as particularidades desse modelo?

aceitando as singularidades dos indivíduos
Escutar o texto
Voiced by Amazon Polly

Quando existe uma disputa entre indivíduos, ela é geralmente decidida pelo Estado, na figura do juiz que analisa e decide o caso. Embora se trate de uma estrutura bastante adequada e confiável, ela é fundamentada no modelo de jurisdição típico que apresenta algumas limitações em relação aos conflitos de cunho social.

Existem desentendimentos mais sensíveis que exigem uma condução mais humanizada. Nesse cenário, a mediação comunitária surgiu como uma nova forma de olhar o conflito, aceitando as singularidades dos indivíduos e fortalecendo a comunicação com o propósito da pacificação social.

Quer saber como esse método funciona e como se diferencia da mediação comum? Continue a leitura!

Como funciona a mediação comunitária?

Trata-se de um meio de solução de conflitos cujo objetivo é promover e democratizar o acesso do cidadão à justiça. Para isso, ele se utiliza de um mediador que, embora independente, é membro da mesma comunidade que os mediados fazem parte.

A identificação com o mediador é a chave nessa modalidade, pois leva aos demais o sentimento de inclusão, criando vínculos e fortalecendo a participação da vida social da coletividade.

Ou seja, a mediação comunitária é feita pela e para a comunidade, compreendendo duas principais características: democrática — incorpora todas as vozes — e emancipadora — os participantes exercem autonomia crítica e interação por meio do diálogo.

Por meio desse método, o grupo social retoma a capacidade de gerir seus conflitos de modo mais autônomo e participativo. A prática da mediação comunitária engloba os seguintes aspectos:

  • conhecimento da comunidade;
  • criação de novas conexões;
  • transformação das relações individuais e sociais;
  • desenvolvimento comunitário, de modo autônomo e emancipatório.

No que ela difere da mediação comum?

Toda a atuação da mediação comunitária ocorre na própria comunidade, normalmente em bairros de periferia. Além disso, como vimos, ela é conduzida por indivíduos que fazem parte do corpo social. Assim, trata-se da justiça focada na, para e pela comunidade.

Por isso, ela se diferencia dos demais tipos em duas medidas: o local de trabalho é a comunidade e os mediadores voluntários fazem parte do mesmo grupo social ao qual pertencem os mediados. Além disso, devido ao seu caráter coletivo, sua base é composta de sistemas de vida diversos, resultando em um pluralismo de valores.

Quais são os benefícios dessa prática?

A mediação comunitária proporciona o aprofundamento dos laços entre os envolvidos. Além de incentivar a participação ativa dos membros na vida social, a técnica estimula o pensamento coletivo em detrimento do individual. Por isso, é tão importante que os mediadores sejam membros da própria comunidade.

Afinal, como a mediação é realizada por alguém que faz parte daquele meio e decidiu dedicar parte de seu tempo para o bem-estar do grupo, ele não se limita à solução do conflito. Desse modo, ao valorizar a convivência pacífica, a técnica ajuda no fortalecimento de uma cultura de paz.

Como a mediação comunitária contribui para a resolução jurídica dos conflitos?

Como vimos, a mediação comunitária não se limita à resolução de conflitos. Por ocorrer na comunidade, sua dinâmica fortalece os laços, transformando a desavença em uma oportunidade de mudança na estrutura social. Assim, a coletividade consegue abrir um canal para dialogar sobre outros problemas comunitários.

Com isso, a modalidade torna-se aliada do Poder Judiciário na resolução dos conflitos, inclusive quanto à resolução de pequenas demandas em sua origem, antes que cresçam e alcancem as vias judiciais.

Diante do exposto, podemos constatar que a mediação comunitária oferece um caminho mais célere para a solução de conflitos. Mas também fortalece a participação social, visto que possibilita aos indivíduos marginalizados assumirem a responsabilidade por sua própria vida e a vida social da comunidade na qual estão inseridos.

Gostou do nosso conteúdo? Agora que você já sabe a importância da mediação para a sociedade, veja como se tornar um mediador!

Previous articleO que é Due Diligence? Conheça agora suas aplicações
Next articleLGPD: Novos horizontes em 2022?
Content Team Direito Profissional
A equipe de Redação é formada por profissionais especializados em redação, marketing, finanças, empreendedorismo, administração e gestão. Estes profissionais são os responsáveis por criar conteúdo informativo e que ajudam a inovar e resolver problemas do mercado.