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Medidas e práticas de Governança Corporativa vêm se tornando cada vez mais conhecidas por empresários. Ocorre que existe um mito entre nós: somente empresas listadas ou com interesse de abrir seu capital na bolsa de valores é que precisam de governança corporativa.
Essa informação além de falsa, consiste num desserviço ao desenvolvimento empresarial, econômico e social.
É evidente que empresas listadas na bolsa de valores, ou, que possuem esse interesse são obrigadas a implementar programa de Governança Corporativa de maneira muito eficaz, inclusive. Elas devem se fundar nos princípios norteadores da Governança – transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa – a fim de atribuir confiabilidade aos investidores.
Entretanto, o que o médio e o pequeno empreendedor desconhecem é que mesmo sem ter a remota intenção de listar sua empresa na bolsa de valores, eles podem implementar tais medidas em suas empresas, pois elas vão muito além de mostrar os resultados a terceiros.
A Governança Corporativa, como já diz o próprio nome, é uma forma de GOVERNAR a empresa internamente e trazer muitos ganhos, como os descritos a seguir:
- Organização: quando a empresa trabalha organizada, aplicando métodos eficazes para todos os setores, há um ganho de tempo, diminuição de perdas (produtos vencidos, desperdícios de materiais, compra inadequada de produtos, acúmulo de itens em desuso, etc);
- Possibilidade de crescimento: quando a empresa se organiza, de modo que todas as tarefas básicas diárias sejam realizadas no “automático”, o empresário pode focar em planejar e acompanhar o planejamento de crescimento, através da alocação/realocação de recursos, decidir e planejar a expansão, se irá trabalhar com novos produtos ou se especializar em uma linha. Essas são coisas que realmente demandam atenção do empresário;
- Perenidade do negócio: com os outros passos em consolidação, é possível falar em um negócio duradouro, onde se consegue visualizar resultados a médio e longo prazo, inclusive por meio do planejamento da sucessão ou continuidade.
Segundo dados do SEBRAE e do IBGE, quase 80% (oitenta por cento) das novas empresas fecham antes de 2 anos.
Mas o que difere uma empresa que se mantém de outra que não se mantém?
A pesquisa “Causa mortis” também realizada pelo SEBRAE apresentou os principais motivos que levam as empresas a fecharem:
- Planejamento prévio
- Gestão empresarial
- Comportamento do empreendedor
1. Planejamento prévio:
– ao abrir a empresa, parte dos empreendedores não levantou informações importantes sobre o mercado;
– mais da metade não realizou planejamento de itens básicos antes do início das atividades da empresa;
– um maior tempo de planejamento permite que se conheça melhor o mercado antes de abrir a empresa, o que tende a aumentar as chances de sucesso.
2. Gestão empresarial:
– as empresas que costumam, com frequência, aperfeiçoar produtos e serviços, estar atualizada com respeito às tecnologias do setor, inovar em processos e procedimentos e investir em capacitação, tendem a sobreviver mais no mercado;
– experiência prévia ou conhecimentos no ramo influenciam a permanência das empresas no mercado;
– a estratégia da diferenciação mostrou-se mais vantajosa para a permanência das empresas no mercado do que a estratégia de custos.
3. Comportamento do empreendedor:
– se antecipar aos fatos, buscar intensamente informações e persistir nos objetivos são comportamentos que distinguem os empreendedores de sucesso;
– também é importante ter um plano de ações para atingir as metas e os objetivos e saber aonde quer chegar;
– intensificar o contato com outras empresas, bancos, entidades e o Governo aumenta as chances de sobrevivência das empresas.[i]
Empreender não é uma tarefa fácil, pois já devemos considerar todos os desafios comuns do mercado, a modernização, as tendências de negócio. Ocorre que fazer mais do mesmo, não leva ninguém ao sucesso.
Implantar um sistema de governança – corporativa ou familiar – nem sempre é um processo rápido nem fácil. Até porque, uma vez iniciado, será naturalmente aprofundado, revisto, atualizado e aperfeiçoado no dia-a-dia. Por onde começar? Não importa, o importante é começar, geralmente por onde estiver incomodando ou por onde for possível. Não é preciso esperar uma crise para começar, pelo contrário.[ii]
Quando analisadas as pesquisas, fica evidente que o erro fatal dos empreendedores é esperar ser “grande” para se profissionalizar. Não espere que sua empresa entre para as estatísticas de causa mortispara então iniciar as mudanças necessárias.
Então, eu posso implementar Governança Corporativa na minha empresa?
Você deve! Você precisa! Independentemente do tamanho que ela esteja agora, se a sua intenção é que ela permaneça viva, ou melhor, que cresça, essa é sua melhor opção!
A hora de profissionalizar a gestão, implementar medidas e práticas de governança e investir em atualização é AGORA! Somente assim sua empresa se manterá saudável e forte no decorrer do tempo!
[i] SEBRAE-SP, Causa Mortis: o sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros cinco anos de vida. 2011. Disponível em https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/333000e30d218194165cd787496e57f9/$File/5712.pdf
[ii] IBGC, Governança da Família Empresária: conceitos básicos, desafios e recomendações, 2016. Disponível em https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=22057