Governança da Família Empresária – 3 Ferramentas para estruturar a família e o negócio

Governança da Família Empresária – 3 Ferramentas para estruturar a família e o negócio
Governança da Família Empresária – 3 Ferramentas para estruturar a família e o negócio
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As empresas familiares possuem características que as identificam e colocam num mesmo plano de estratégia nos negócios. Entre estas características podemos destacar:

  • Força dos propósitos e valores;
  • Importância da história familiar;
  • Visão de longo prazo;
  • Comprometimento social e sustentabilidade;

Da mesma forma, os desafios pelos quais estas empresas passam são semelhantes:

  • Perpetuar a identidade familiar;
  • Estratégia de liquidez;
  • União familiar;
  • Dinâmica das relações;
  • Retenção de talentos externos à família;
  • Renovação;
  • Formação das próximas gerações;
  • Processo sucessório.

Assim como em todas as empresas, nas familiares é preciso potencializar suas qualidades, utilizando-as da melhor maneira possível e contornar seus pontos fracos, por meio de medidas eficazes de governança familiar, mitigando os riscos que podem surgir.

Diferentemente da Governança Corporativa, que se destina à proteção de ativos, sustentabilidade, preservação da imagem da empresa, de sua reputação e sua relação com as partes interessadas (stakeholders)[1], a governança familiar se presta a regular as relações entre os membros da família, a relação destes com a empresa, com a propriedade, e com as demais partes interessadas.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, “a governança é um processo contínuo e em constante evolução, que delimita espaços e papéis e torna a vida da família mais fácil. Ela não deve aprisionar os familiares que sempre podem (e devem) lançar mão da criatividade e dos mecanismos empreendedores que possuem certo grau de informalidade e de intuição.”[2]

Merecem destaque alguns mecanismos que a empresas familiares podem utilizar para regularizar e institucionalizar suas relações, senão vejamos:

  1. Reunião/Assembleia familiar: Trata-se de reunião em que participam todos os membros da família. Tem caráter informativo, orientativo ou deliberativo. Deve ser previamente decidido sobre a participação de cônjuges e agregados, a faixa etária dos familiares que participarão, entre outras coisas, porém, deve-se refletir a identidade da família na assembleia, promovendo o contato, integração e comunicação entre os familiares. Recomenda-se que a reunião aconteça ao menos duas vezes por ano e podem ser abordados temas como:  atualização sobre as atividades desenvolvidas; prestação anual de contas; comunicação sobre a empresa, a propriedade e outras atividades da família;  avaliação das atividades das diferentes estruturas de governança familiar; discussão e definição de diretrizes, planos e políticas familiares; eleição do conselho de família.
  2. Conselho de família: Deve ser formado por um grupo de familiares eleitos na assembleia familiar e é o órgão responsável por fazer contato com os outros órgãos de governança. Entre as suas atribuições podemos citar: mediar conflitos, coordenar o processo de sucessão, elaborar a constituição da família, preparar e acompanhar a educação dos membros da família, comandar o Family office, se houver etc.
  3. Family office: Desenvolvido para prestar serviços ao familiares, vem sendo cada vez mais difundido, já que previne confusão patrimonial, bem como que seja desvirtuado o fim social da empresa, para esta não trabalhe para a família. Pode ter atividades como administração de ativos financeiros e bens imobiliários dos membros da família, prestar serviços ou atender às necessidades dos familiares e suas empresas, como elaborar declarações de imposto de renda, realizar pagamento de impostos e solucionar questões legais referentes à família.

Além dos órgãos enumerados, outros podem ser utilizados, de acordo com a necessidade que a família venha a apresentar, bem como diante do número de familiares e do tamanho da empresa. Assim também devem ser analisada a necessidade de implementação de um canal exclusivo de comunicação entre os familiares, um sistema de informação, entre outros.

De toda forma, é importante ter em conta que as relações familiares são o que há de mais importante nestas empresas, e que a perenidade do negócio depende muito da estabilidade da relação entre os familiares, de modo que toda ferramenta capaz de melhorar e solidificar estas relações deve ser utilizada.


[1] IBGC. Governança da Família Empresária: conceitos básicos, desafios e recomendações. São Paulo, SP: IBGC, 2016, p. 12;

[2] IBGC. Governança da Família Empresária: conceitos básicos, desafios e recomendações. São Paulo, SP: IBGC, 2016, p. 32;

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Karen Sturmer
Advogada, Mestre em Ciências Jurídicas pela Ambra University. E-mail: [email protected]