Mediação corporativa

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Com a expansão das técnicas de mediação internacionalmente, este meio de solução de disputas começou a ser adotado dentro das organizações, tanto nas relações de trabalho como no ambiente de negócios.

A mediação é um meio de resolução de conflitos que viabiliza o auxílio por um terceiro, o mediador, aos envolvidos em um conflito para compreensão da relação conflituosa e criação de um acordo que contemple as necessidades de cada uma das partes. Com competências socioemocionais e técnicas, o mediador facilita o restabelecimento do diálogo, com superação dos obstáculos, facilitando uma solução que melhor atenda aos interesses de cada um e à complexidade do contexto.

Quando bem aplicada, a mediação traz ganhos significativos ao ambiente corporativo, proporcionando não apenas uma maior produtividade da empresa, mas a fluidez de projetos e facilitação de processos de mudança. Os benefícios da mediação ~são visíveis na medida em que é possível propiciar um meio ambiente relacional equilibrado, ou seja, em que as relações humanas possuem um direcionamento adequado quando diante dos inevitáveis conflitos.

Os conflitos fazem parte do convívio humano, inclusive do cotidiano das empresas. Conflitos não significa a existência de disputas e discussões claras, já instaladas, começando muito antes, com diálogos interrompidos, estranhamentos nas relações, exclusões e burburinhos que atrapalham o fluxo de funcionamento de uma equipe, ou mesma da empresa como um todo.

O que reflete não apenas no relacionamento entre os trabalhadores, mas também com todos os públicos com os quais a empresa interage, gerando maus atendimentos, equívocos de comunicação, impaciência com reclamações de consumidores e danos que podem comprometer o serviço, o produto e a imagem da empresa.

Caso não sejam bem geridas, essas controvérsias podem escalonar, de forma a gerar prejuízos evidentes, ao ganhar maiores proporções. São efeitos negativos: improdutividade, insatisfação, alto nível de reclamação, cometimento de erros e omissões, negligências e imprudências, até acidentes laborais, boicotes, adoecimentos e afastamentos (esgotamento no trabalho, Síndrome de Burnout), alta rotatividade, reclamações trabalhistas, processos de consumidores insatisfeitos, rompimento de parcerias, e uma infinidade de situações que causam danos invisíveis. 

Por sua vez, o ambiente de negócios, geralmente, envolve um clima mais competitivo, estimulando o conflito e dificultando a sua resolução. Se observarmos os efeitos de uma competição agressiva, essa situação impacta negativamente as relações comerciais a longo prazo, podendo gerar graves repercussões na condução do negócio. Todo mercado está em constante interação e interdependência, portanto, é essencial manter um nível de confiança e diálogo autêntico e respeitoso, inclusive com a concorrência.

A mediação vem neste sentido de auxiliar os envolvidos a criarem soluções ao invés de problemas, na medida em que corresponde a um método de solução de disputas que fomenta o protagonismo dos envolvidos na criação de soluções que melhor se adequem às suas necessidades. Dessa forma, o método contribui para preservar as relações ou mesmo auxiliar no processo de mudança necessário para a melhoria dos negócios.

Essa técnica compreende o conflito como um motor de transformações, se bem direcionado, trará resultados positivos às relações a longo prazo. Trata-se de um método em que se viabiliza a criação e sustentabilidade de acordos entre os envolvidos, gerando assim um ambiente de confiança, cooperação e colaboração na execução de projetos que contemplem interesses mútuos. Quando as partes criam conjuntamente suas regras de relacionamento e as cláusulas do contrato, há clareza de papéis, funções e responsabilidades, o que facilita o comprometimento com o negócio estabelecido.

A perspectiva de uma mediação corporativa envolve capacitar pessoas no ambiente organizacional a lidar com conflitos, identifica-los previamente, empenhar ações que promovam o restabelecimento do diálogo e diagnosticar potencial complexidade em determinadas controvérsias. Neste último ponto, em face da complexidade, é importante o encaminhamento a um especialista em resolução de conflitos para auxiliar a empresa a encontrar outros caminhos de solução. De tal forma, a viabilizar outros métodos consensuais mais adequados de resolução de conflitos, e, como última medida, a arbitragem ou a judicialização da causa, quando o litígio será decidido por terceiros.

Um ambiente de negócios requer humanização, pessoas desenvolvendo competências relacionadas à autoconsciência (reconhecimento e acolhimento do mental e emocional), à negociação e à comunicação, capacidades presentes no processo de mediação. Os líderes do futuro (senão dizer, do agora) estão a desenvolver as habilidades necessárias para lidar com o contexto complexo e incerto em que toda a comunidade nacional e internacional vem passando.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Tânia. Mediação de Conflitos: para iniciantes, praticantes e docentes. Coord: Tania Almeida, Samantha Pelajo e Eva Jonathan. 3ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Ed. JusPodivm, 2021.   

CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem: Mediação, Conciliação e Tribunal Multiportas. 7ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.

BARRET, Richard. A organização dirigida por valores: liberando o potencial humano para a performance e a lucratividade. Trad: Caio Brisolla, Roberto Ziemer. Rio de Janeiro: 2017.

BURBRIDGE, R. Marc. e BURBRIDGE, Anna. Gestão de conflitos: desafios do mundo corporativo. São Paulo: Saraiva, 2012.

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Betina Costa
Mestranda em Direito com ênfase em Resolução de Conflitos, pela Ambra University. Pós-graduanda em Psicologia Positiva pela PUC/RS. Advogada consensual. Diretora Regional no Piauí do escritório Bayma & Fernandes. Presidente da Comissão de Justiça Restaurativa e Direito Sistêmico da OAB/PI, na atual gestão 2019/2021.