O colorido da transparência

comunicação e transparência
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A falta de comunicação eficaz e de transparência nas empresas são grandes causadoras de conflitos. É necessário intensificar e aprimorar os processos de comunicação e transparência constantemente para evita-los.

Transparência na prática é a clareza das informações que são passadas. Quando bem trabalhada, contribui de maneira muito positiva para a imagem da empresa, a qual deixa transparecer que não tem nada a esconder, que é idônea, possui fins lícitos, respeita seus parceiros e colaboradores, entre outros.

Note-se que a projeção da transparência é tanto interna (em relação aos sócios, funcionários), quanto externa, na medida em que as mesmas informações são passadas a fornecedores, financiadores, governos…

Além disso, quando a empresa é familiar, é fundamental que a transparência se projete ainda aos membros da família, com relação direta ou indireta com a empresa. Isso propicia interesse e engajamento da família empresária nos assuntos da empresa, fazendo com que não haja desconfiança a respeito dos administradores.

De acordo com o IBGC, mais do que a obrigação de informar, transparência é o desejo de disponibilizar as partes interessadas (stakeholders) informações que sejam do seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos.  A adequada transparência resulta em um clima de confiança, tanto internamente quanto nas relações das empresas com terceiros. Não deve restringir-se ao desempenho econômico financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e conduzem a criação de valor.

Por isso tudo e ainda mais quando falamos em famílias empresárias, aqui vão 5 dicas de como esse processo de transparência e comunicação pode ser melhorado:

  1. Implemente um canal de comunicação exclusivo para os assuntos de interesse da família empresária – assim, informações de outra natureza não interferirão nos assuntos de relevância. Importante observar que o controle não inviabilize seu resultado (ou que o molho fique mais caro que a carne), deve-se ter em conta o tamanho da empresa, sua área da atuação a fim de decidir entre um canal de comunicação interno ou um simples grupo em aplicativo.
  2.  Implemente reuniões periódicas do Conselho de Família – a tecnologia é uma ferramenta fundamental na comunicação, mas ainda não inventaram melhor alternativa que o “olho no olho”. Além disso, a reunião presencial possibilita a solução ou o início da solução dos problemas e descontentamentos que podem ser trazidos pelos membros familiares.
  3. Nem todas as informações precisam ser divulgadas de forma ampla ou competem a todos os familiares – mas há itens que devem ser compartilhados periodicamente, visando manter o grupo integralizado e atualizado sobre o negócio, como informações institucionais, orientações estratégicas, atualização de resultados, relatórios financeiros, posicionamento do negócio no mercado, agendas de trabalho, notícias internas e externas relevantes, clippings e notícias institucionais ou relacionadas ao negócio.
  4. Transmita informações que vão além da prestação de contas – estimule o relacionamento e a integração familiar através de notícias pessoais como conquistas, feitos, realizações, prêmios de qualquer espécie, aniversários, comemorações, fotos e novidades.
  5. Os desafios são numerosos e diversos, mas praticar ajuda e melhora o desempenho – a comunicação clara, forte, estruturada e equânime, pautada nos princípios e valores da família.

Aplicando e aprimorando os sistemas de transparência e comunicação em qualquer empresa os resultados vem rapidamente. O maior impacto sentido é seguramente a facilitação do acesso a recursos financeiros e não financeiros. A adoção de boas práticas de comunicação e transparência ajuda na identificação de melhores condições de negócios junto a clientes, fornecedores, bancos, investidores e potenciais parceiros.

No que tange aos benefícios não financeiros a comunicação e transparência auxiliam no recrutamento e retenção de bons colaboradores – os quais passam a acreditar na empresa – reforço positivo da imagem e da marca produzindo valor a longo prazo.

Por último, é muito importante que qualquer processo a ser iniciado seja pautado nos interesses, valores, princípios da empresa e da família, para que não haja desperdício de recursos implementando algo que se mostre totalmente inviável na prática, dadas as características da empresa ou da família empresária.

Referências

IBGC, Governança da Família Empresária: conceitos básicos, desafios e recomendações, 2016.

Disponível em https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=22057

IBGC, Caderno de Boas Práticas de Governança Corporativa para empresas de capital fechado, 2014.

IBGC, Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, 2015.

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Karen Sturmer
Advogada, Mestre em Ciências Jurídicas pela Ambra University. E-mail: [email protected]