Advocacia familiarista não é Defensoria Pública: entenda a importância da cobrança de consulta

Advocacia familiarista não é Defensoria Pública entenda a importância da cobrança de consulta
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A cobrança de consulta na advocacia em Direito de Família é um tema que gera muitas discussões. Há quem acredite que a cobrança pode afastar clientes, mas a verdade é que essa postura pode prejudicar seriamente a carreira do advogado a curto e longo prazo.

Muitos advogados iniciantes pensam que não cobrar pela consulta pode ser uma forma de atrair mais clientes para fecharem contratos, uma vez que o valor da consulta seria mínimo em relação ao valor do contrato.

Continue a leitura e entenda que a importância da cobrança de consulta na advocacia familiarista vai muito além da remuneração da hora técnica.

Nuances éticas

O Código de Ética da Advocacia estabelece, como infração ético-profissional, o aviltamento de honorários, que significa toda e qualquer cobrança em valor abaixo da tabela de honorários. Portanto, o advogado que sequer cobra a consulta está descumprindo um dever ético.

Alguns Tribunais de Ética e Disciplina das seccionais da OAB espalhadas pelo país já entenderam também que a ausência de cobrança pode ser enquadrada em outro tipo de infração ética: a mercantilização da advocacia. Isto porque a ausência de cobrança pode ser entendida como uma “amostra grátis” dos serviços jurídicos, sendo uma forma desleal de prospectar clientes.

Portanto, o advogado que deixa de cobrar consulta de forma reiterada pode correr risco de sofrer processo ético-disciplinar perante a OAB, caso seja denunciado por alguém.

O ideal é realizar tal cobrança e, caso seja previamente combinado com o cliente, o valor da consulta poderá ser abatido dos serviços jurídicos que sobrevierem.

Filtro de bons clientes

Muitos advogados iniciantes pensam que a cobrança da consulta pode afastar clientes e tendem a negligenciá-la por entender que o valor é ínfimo em relação ao contrato que poderá ser fechado com o cliente.

Ocorre que a cobrança é um excelente repelente de clientes ruins para o seu negócio. Se o cliente não está disposto sequer a pagar pelo atendimento inicial com você, saiba que ele não irá priorizar o pagamento de seus honorários contratuais.

Assim, a cobrança de consulta pode ser vista como um filtro para clientes bons e comprometidos. Isto porque o dinheiro exerce uma função importante na relação de confiança entre cliente-advogado: quando o cliente paga pela consulta, ele tende a valorizar mais o trabalho do advogado e se compromete com o processo. Portanto, quando o cliente não paga, quem paga é você.

Advocacia familiarista não é defensoria pública

Parece óbvio, mas precisa ser dito: a advocacia de família não é defensoria pública. Se o cliente procura um advogado particular, ele deve estar ciente de que precisará pagar por todos os serviços.

Sim, a consulta é um serviço jurídico. Não se trata apenas de ouvir o cliente, de “tirar uma dúvida” ou, muito menos, de “dar uma olhada no processo”. Para esse serviço, você precisará, além das horas técnicas para a análise do caso, de uma mínima estrutura e, muitas vezes, de deslocamento.

Assim, se o cliente não vier a fechar o contrato com você, você terá passado por uma grande perda de tempo e dinheiro.

Em resumo, a cobrança de consulta na advocacia em Direito de Família é um tema controverso, mas é importante que os advogados iniciantes entendam a importância desse serviço jurídico. A consulta é uma oportunidade para avaliar o caso e para filtrar clientes bons e comprometidos.

Além disso, ao cobrar pela consulta, o advogado está valorizando seu trabalho e seu tempo, garantindo que apenas os bons clientes terão acesso aos seus serviços. Ainda, o advogado deve estar ciente de que a cobrança é uma obrigação ética e legal, e que deixar de cobrar pode prejudicar seriamente sua carreira a curto e longo prazo.

Agora que você já sabe a importância da cobrança de consulta, convidamos você a conhecer nosso Curso de Prática em Direito de Família e aprender a estratégia para atuar com segurança em Direito de Família e faturar a partir de 5 mil reais por mês.

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Amanda Gomes
Advogada, Professora e Palestrante. Especialista em Direito de Família e Sucessões. Mestranda em Direito na Ambra University (EUA), com foco em Resolução de Conflitos. Atualmente, exerce os cargos de Presidente da Comissão de Família e Tecnologia do Instituto Brasileiro de Direito de Família – Seção Ceará e de 2ª Vice-Presidente da Comissão de Direito de Família da OAB/CE.