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Por Izaias Francisco da Cruz Neto
A teoria econômica do Direito baseada na obra GARY BECKER, parte da premissa de que os homens atuam em virtude de cálculos de custo-benefício e custos de oportunidades, no momento de praticar os desvios e seguirem adiante, principalmente no mundo corporativo.
A decisão de cometer um desvio, depende dos estímulos, seja por oportunidade ou retribuição proporcional ao desvio cometido, daí, o sobrepeso, entre realizar a conduta inconforme, e as penalidades inerentes a elas existe a noção de custo-benefício.
Gostaria aqui de tocar em um assunto delicado no ambiente corporativo, ou seja, o mindset dos CEOs das empresas, muitas vezes crucificados e relegados ao juízo midiático.
Baseado em nossas experiências mercado e conversas informais com muitos deles, chegamos em algumas considerações.
São elas:
Todo CEO tem uma meta a ser atingida na corporação, na maior parte dos casos, já chegam nas empresas apenas para cumprir essas metas, que de alguma já forma discutidas e planejadas pelos conselheiros das empresas, ou seja, a pressão já está colocada no tabuleiro, uma vez que a própria escolha dos CEOs estão já atreladas as metas a serem realizadas.
No mundo capitalista, possuir um CEO que consiga relacionar essa dicotomia, em bater metas e estar em compliance, gera uma confusão turbulenta, pois, o seu mindset está ali direcionado para superar as suas metas, e caso isso não ocorra, suas competências e habilidades, a grosso modo, são olocadas a prova.
A máxima no gerenciamento de projetos é evidente; o que é mais fácil, ágil e com resultados? Fazer com procedimentos seguindo as regras ou sem procedimentos? Claro que na maioria dos casos a segunda assertiva é a mais buscada pelos executivos, quando existe um senso de emergência corporativo.
Todo CEO mais profissionalizado, sabe que inerentemente ao eu cargo, correr riscos é parte da gestão empresarial, as pressões são inúmeras, e não se enganem, são mesmo, a produção não pode parar, os prazos sempre andam contra o tempo, o departamento de precisa agilizar as contratações de terceirizados e suprimentos, assim por diante.
Desta forma, CEOs em algum momento, acabam realizando após estudar os riscos, o desvio racional, preferem seguir a diante, pois, acreditam que a retribuição do desvio, ainda é proporcionalmente inferior aos benefícios auferidos pela conduta em desconformidade, mesmo que as ditas desconformidades, estejam de alguma forma contra o código de conduta da própria empresa ferindo os seus procedimentos.
Um dos pilares do compliance hoje, é de alguma forma, sensibilizar os envolvidos, através de estudos e estatísticas internacionais, que já existem no mercado, que as empresas que prezam pela integridade são mais lucrativas, claro, que esse é um trabalho cultural e de sensibilização, fazendo uso de canais e treinamentos, nem sempre são eficazes para atingir a suas finalidades.
Fica aqui nossa sensibilidade ao abordar esse tema, por olhar para os CEOs não de forma a julgar, mas, a entender o ambiente corporativo do qual estão envolvidos esses indivíduos, devemos procurar soluções e reeducação, e não apenas crucificações, afinal, quando o CEOs realizam escolhas temerárias, e são bem sucedidos, se transformam em heróis corporativos (capa de revista) e o elo de ouro dos STAKEHOLDERS, quando não, são crucificados, mas, sabemos que infelizmente essa ainda é a regra do jogo, mesmo que seja um assunto pouco falado.
O compliance ao possuir regras e comportamentos bem definidos e dados racionais, diminui as oportunidades de desvios, e quando há, a racionalidade posicionará a conduta para os caminhos da integridade, mostrando muitas vezes aos CEOs das grandes corporações, que a integridade pode ser também ser uma aliada nas metas e na saúde financeira das empresas, quando a prevenção é palavra de ordem.
Leia também sobre como fazer uma gestão alinhada ao compliance.