Advogados serão substituídos por robôs?

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De acordo com matéria divulgada pela Revista Superinteressante[1] em janeiro de 2023, a empresa DoNotPay criou “o primeiro robô advogado do mundo”, suficientemente qualificado para aconselhar pessoas em audiências judiciais.

No Brasil, as redes sociais entraram em polvorosa com tal notícia. Muitos bradaram que “os humanos estão perdendo espaço”, “não existirá mais trabalho para as pessoas” e “parece que está faltando advogado no mundo para recrutarem um robô”, ironicamente.

Os advogados serão substituídos por robôs? Será o fim da profissão? Continue a leitura e entenda por que a novidade não deve te impressionar nem te assustar.

Robô advogado

Inicialmente, é importante entender o que, de fato, é o “robô advogado”. A empresa americana DoNotPay afirma que “utiliza inteligência artificial para ajudar os consumidores a lutar contra grandes corporações e resolver seus problemas, como vencer multas de estacionamento, cobrar taxas bancárias e processar robocallers (empresas de cobrança por discador automático)”.

O objetivo do robô advogado é diminuir o desequilíbrio entre consumidores e corporações, de modo que o aconselhamento legal seja acessível a todos, inclusive permitindo que a pessoa exerça o jus postulandi, também chamado de self-help, ou seja, possa pleitear seus direitos sem advogado.

De acordo com o fundador Joshua Browder, seu objetivo final é que o software, eventualmente, substitua alguns advogados, pois afirma que “muitos advogados estão cobrando muito dinheiro para copiar e colar documentos”.

Tecnologia à serviço do direito

A tecnologia está cada vez mais presente em vários setores. No direito, não poderia ser diferente. Automações para busca de publicações no Diário da Justiça, para gestão de prazos e processos, para protocolo de petições, dentre outros, já são realidade nos escritórios de advocacia hoje.

A utilização dessas ferramentas possui diversas vantagens, como agilidade, precisão e redução de custos. Muitas vezes, ainda perdemos tempo com pequenos trabalhos mecânicos, repetitivos e que ainda poderiam ser otimizados com o avanço da tecnologia.

Quanto ao receio das máquinas substituírem os advogados, ela, de fato, substituirá algumas atividades, como protocolo, peticionamento, busca de jurisprudência, emissão de certidões, etc. Portanto, quem trabalha exclusivamente com tarefas “cara e crachá” ou “copia e cola” está com os dias contados, sendo necessário se adaptar às novas necessidades do mercado e focar em skills insubstituíveis.

Leia sobre os benefícios da tecnologia no direito.

Skills do futuro

É importante destacar que as ferramentas de inteligência artificial disponíveis hoje ainda não podem substituir completamente os advogados, sendo apenas ferramentas de apoio que precisam ser supervisionadas e interpretadas por humanos.

De acordo com o historiador Yuval Hahari[2], autor dos best-sellers “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” e “21 lições para o Século XXI”, a filosofia será a profissão do futuro.

Fazendo um paralelo com a advocacia, o profissional valorizado no futuro será aquele que desenvolve soluções criativas e resolve problemas complexos, especialmente os que lidam com dilemas éticos e morais.

Com o desenvolvimento da inteligência artificial, estes profissionais poderão auxiliar na programação de máquinas. Por exemplo, no caso de um carro sem motorista, se duas crianças entrarem na frente do veículo, o que o automóvel deve ser programado para fazer: atingir as crianças ou desviar para o lado, arriscando colidir com um caminhão na direção oposta e matar os ocupantes?

Após algumas gerações, se o aprendizado das máquinas for tão grande a ponto de conseguirem substituir 100% os advogados humanos, penso que devemos refletir seriamente o porquê de termos chegado a esse ponto. E agora é o momento de refletir sobre o serviço que estamos prestando hoje.

Se interessou pela tema? Então leia mais sobre a inteligência artificial no direito.


[1] https://super.abril.com.br/ciencia/inteligencia-artificial-vai-defender-um-reu-no-tribunal/

[2] https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2018/11/15/filosofia-pode-ser-profissao-do-futuro-livro-historiador.htm

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Amanda Gomes
Advogada, Professora e Palestrante. Especialista em Direito de Família e Sucessões. Mestranda em Direito na Ambra University (EUA), com foco em Resolução de Conflitos. Atualmente, exerce os cargos de Presidente da Comissão de Família e Tecnologia do Instituto Brasileiro de Direito de Família – Seção Ceará e de 2ª Vice-Presidente da Comissão de Direito de Família da OAB/CE.