Inteligência artificial no compliance

Inteligência artificial no compliance
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Em um universo não muito distante era inimaginável transacionar em um ambiente virtual paralelo ou adquirir com um carro que, literalmente, faz tudo. Ocorre que a tecnologia e a criatividade das pessoas caminham juntas e, portanto, não se pode mais determinar que “o céu é o limite”. Isso porque virou notícia no mundo todo a utilização de inteligência artificial (“IA”) para o atingimento dos objetivos. 

Fato é que a aderência à tecnologia e a aceitação de que atualmente vivemos em um mundo mais dinâmico e virtual é fator primordial para alavancar os negócios, principalmente, quando se fala em prevenção e conformidade.

A IA pode ser um excelente aliado ao compliance, já que este precisa gerir uma quantidade abissal de regras, documentos e políticas. Neste sentido, a análise e revisão de arquivos poderá ser consideravelmente simplificada contribuindo, assim, no trabalho da equipe.

Ainda, é perfeitamente possível que a IA detecte se o funcionário novato leu e entendeu os termos de eventual documento, a exemplo da política interna e código de conduta, que está tomando ciência, gerando perguntas sobre os documentos e analisando as respostas automaticamente. Da mesma forma, poderá auxiliar nos treinamentos do programa de conformidade garantindo que o funcionário aprendeu o que foi ministrado.

A tecnologia poderá, ainda, proceder com a otimização das denúncias, criando um ambiente menos robotizado e burocrático e mais dinâmico com a criação de questionários sobre a situação relatada com intuito de melhor detalhamento. Assim, o relato chegará aos profissionais do compliance de forma completa, sem lacunas e pronto para ser deliberado sobre as medidas a serem aplicadas.

Além disso, conforme entrevista dada pelo CEO da clickCompliance, Marcelo Erthal, ao LEC, a utilização de IA no canal de denúncias pode promover ao funcionário maior tranquilidade no relato da situação, principalmente, porque não há que se preocupar com eventuais julgamentos de valor.

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Outra situação em que a IA poderá ser eficiente é na guarda e monitoramento de dados coletados, sejam eles sensíveis ou não, posto que a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) já está habilitada à aplicação de multas em caso de descumprimento das regras previstas na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Conforme pesquisa realizada em 2019 pela líder em cibersegurança, a empresa Palo Alto Networks, mais da metade dos brasileiros preferem que a cibersegurança seja controlada por robôs e que, em razão disso, não se preocupam com a segurança de seus dados:

“A Palo Alto Networks entrevistou, em parceria com a YouGov e a Dra. Jessica Barker, especialista na natureza humana da cibersegurança, mais de mil brasileiros para mapear suas impressões a respeito das novas tecnologias de cibersegurança – como a inteligência artificial – e como essas tecnologias protegem seu modo de vida digital.

 “A inteligência artificial tem um papel-chave na cibersegurança dos dias atuais”, declarou Marcos Oliveira, country manager da Palo Alto Networks do Brasil. “Os seres humanos estão lutando para estar um passo à frente dos hackers, então é natural que eles procurem a tecnologia para se proteger online. A pesquisa mostra que os brasileiros gostariam que a IA cuidasse da segurança deles e acreditam que seus dados estarão mais seguros com o uso de produtos de cibersegurança”.

 Outros números de destaque incluem:

  • 55% dos brasileiros entrevistados* acham que checagens de segurança (como, por exemplo, a checagem da senha para provar que o usuário não é um robô) tem um impacto positivo na experiência digital;
  • 55% acredita que eles próprios devem ser responsáveis pela segurança de seus dados pessoais, e 54% acham que saber mais a respeito do que podem fazer para protegerem a si próprios e suas famílias no ambiente online faz com que eles se sintam mais seguros;
  • 82% sentem que estão fazendo tudo o que podem para se prevenir das perdas de suas informações, enquanto 69% dos entrevistados acreditam que não ter a certeza de como proteger seus dados faz com que eles se sintam ansiosos.” (grifos do original)

É muito importante enfatizar que a IA no auxílio do compliance não substitui o profissional humano (ao menos por enquanto), sendo necessário que este atue nos demais processos. A utilização da IA no compliance, tem o condão de contribuir no operacional e no processo de desburocratização, tornando o processo mais ágil, econômico e assertivo, já que se baseia em uma tecnologia que compõe, basicamente, três vertentes: [i] Machine Learning – a tecnologia monitora comportamentos, perfis e padrões criando uma teia de informações contribuindo para o aprendizado da máquina sobre as interações captadas; [ii] Deep Learning – é a capacidade da máquina identificar as exceções às regras captadas pelo Machine Learning; e [iii] Processamento da Linguagem Natural – que faz o tratamento dos resultados encontrados pela tecnologia.

Assim, utilizar a IA e seus recursos é essencial para qualquer empresa que deseja crescer e se manter atuante em um mercado cada vez mais competitivo e inovador, além de ao adotar práticas estruturadas de acompanhamento e controle de atividades nocivas para a saúde do negócio, a empresa demonstra seu comprometimento com a melhora real no ambiente no qual está inserida atraindo, assim, mais interessados.

Formação em Direito, Inovação e Tecnologia

Fontes:

REDAÇÃO LEC. Inteligência artificial no compliance: como o chatGPT pode revolucionar os programas de integridade das organizações. Maio/2023. Disponível em: https://lec.com.br/inteligencia-artificial-no-compliance-como-o-chatgpt-pode-revolucionar-os-programas-de-integridade-das-organizacoes/ . Acesso em 21/6/2023.

PALO ALTO. Mais da metade dos brasileiros confiam mais na cibersegurança controlada por IA do que a controlada por humanos, aponta pesquisa. Julho/2019.
Disponível em:
https://www.paloaltonetworks.com.br/company/press/2019/survey-more-than-half-of-brazilians-trust-cybersecurity-powered-by-ai-vs-a-human    Acesso em 21/6/2023.

ISHIKAWA, Lauro; ALENCAR, Alisson Carvalho de. Compliance inteligente O uso da inteligência artificial na integridade das contratações públicas. RIL Brasília a. 57 n. 225 p. 83-98 jan./mar. 2020. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/57/225/ril_v57_n225_p83.pdf Acesso em 21/6/2023

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Júlia Tiburcio
Mestranda em Direito com ênfase em Compliance na Ambra University.