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Existem técnicas na mediação que propiciam o acolhimento e a criação de um laço entre os envolvidos. Algumas delas merecem destaque por refletirem diretamente no trato adequado do conflito com vistas à solução, conforme apresentado abaixo:
a) escuta ativa: o mediador deverá exercitar a escuta ativa com observância a narrativa apresentada, sem fazer qualquer juízo de valor, inclusive com o próprio corpo. É importante separar a observação da avaliação, pois são medidas diferentes. Rosenberg (2006, p. 50) menciona que: “As observações constituem um elemento importante da CNV, em que desejamos expressar clara e honestamente a outra pessoa como estamos. No entanto, ao combinarmos a observação com a avaliação, diminuímos a probabilidade de que os outros ouçam a mensagem que desejamos lhes transmitir”[1];
b) rapport: o mediador deverá criar uma relação e, se necessário, trazer os mediandos de volta ao cerne da questão que importa, gerando a empatia com o outro, melhorando a comunicação e fazendo prevalecer a receptividade. Nesse sentido, uma técnica que decorre do rapport é o espelhamento, medida na qual o mediador replica algumas expressões, verbais ou gestuais, para que reproduzido perceba seu comportamento;
c) caucus: é a sessão individual com os mediandos quando houver debilidade na comunicação, devendo respeitar a identidade de tempo e condições;
d) recontextualização: é a técnica que o mediador poderá utilizar ao final das narrativas dos mediandos, sendo explicitada como um parafraseamento ou resumo das principais questões que tocam aos interesses envolvidos. Essa técnica deve ser aplicada após o final das narrativas dos mediandos; e
e) teste de realidade: os mediandos podem ter a percepção apenas de sua realidade (mundo interno), assim, o mediador deverá realizar comparação com o fito de efetivar comunicação e a reflexão do contexto do mundo interno com o mundo externo, possibilitando a percepção mais horizontal sobre o caso.
As técnicas citadas acima são de suma valia na proposta do mediador de auxiliar os envolvidos no tratamento adequado do conflito, sendo certo que não são taxativas e não excluem outras que também poderão ser eleitas com a mesma finalidade.
[1] ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não-violenta. Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Tradução Mário Vilela. 4ª edição. São Paulo: Editora Ágora, 2006.